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Como os escritos de Aristóteles estabeleceram eras atrás, o teatro (do grego θέατρον: théatron, ou "lugar onde se vai para ver"), tem "evidência representativa quer na leitura, quer na cena" (cap. XXVI, parágrafo 183), denotando a forma como essa expressão conduz intensamente a narrativa.
Como já visto anteriormente, com a introdução do hypokrites (“respondedor” ou ator) por volta de 534 a.C., no Teatro Grego, caberá a esse personagem central (identificado posteriormente como o protagonista da ação), a principal responsabilidade pela condução narrativa dos relatos dentro do universo ficcional da história. Nas palavras de Aristóteles, deve ser preferível para a estrutura narrativa “o impossível verossímil ao possível inacreditável”.
Para criar um roteiro teatral capaz de desenvolver com qualidade esse processo, é necessária a atenção à forma de construção do projeto. Uma dica importante, segundo o artigo "How to write a script", é que, antes de começar a escrever o diálogo e o roteiro, seria útil criar um mapa indicando o que acontecerá em sua história. "Assim, você não se sentirá confuso e poderá eliminar quaisquer buracos ou falhas na trama. Rascunhe um plano geral e visualize como os eventos se desdobrarão". O mesmo site indica a importância de consistência da produção, destacando o feedback do público potencial ou de críticos capazes de orientar o processo: "Se seu roteiro for uma comédia, certifique-se de que os outros achem-no engraçado. Se você escrever um drama, busque criar diálogos dramáticos e cheios de suspense". Pode parecer óbvio, mas o criador deve saber abrir-se às críticas e opiniões que podem contribuir para o projeto.
Alguns autores souberam extrair o melhor dessa linguagem na recriação das narrativas, como Shakespeare, que brindou o mundo com obras clássicas como Hamlet e Sonhos de uma noite de verão; Bertolt Brecht, que redefiniu a dramaturgia ao "quebrar a quarta parede" (isto é, fazer com que os atores conversassem livremente com o público, quebrando a “hipnose” da história ficcional) com seu teatro épico; Augusto Boal, com sua proposta do Teatro do Oprimido, que partia da encenação de algo real para estimular a troca de experiências entre atores e espectadores ("espect-atores", segundo o diretor); e, recentemente, Robert Wilson, cujo teatro pós-dramático vai além da narrativa tradicional, com precisão tecnológica e plasticidade matemática, estabelecendo um novo teatro contemporâneo.
Mais do que uma produção fundamentalmente narrativa, como a literatura ou a contação de histórias, o teatro se reinventa como projeto cultural e expressão de cada ciclo social, ora como festividade de rua, a exemplo da Commedia DellArte, que divertia subversivamente as camadas populares do período medieval com causos da nobreza, ora como experimentação tecnológica, como visto na ópera The Jew of Malta, co-produção entre a ART + COM e Bureau Staubach, com apoio do ZKM. Museu de Mídia de Karlshure (http://www.joachimsauter.com/en/work/thejewofmalta.html).
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