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Até agora falamos de tempo no sentido de duração, porém existe uma outra forma de abordar tempo – o que se passa dentro do jogo. É cada vez mais comum que os jogos simulem a passagem de tempo, alternando períodos de dia/noite nos cenários onde o jogador interage. Além de trazer mais realismo ao jogo e permitir o desenvolvimento estético dos cenários, a mecânica de passagem de tempo pode ser utilizada para habilitar ações/eventos ao longo do jogo, como missões que só podem ser executadas à noite ou personagens que estão em diferentes locais do jogo, dependendo da hora do dia.
Em alguns jogos, como Pokemon, o horário define inclusive qual tipo de monstro o jogador pode encontrar, existindo monstros diurnos e noturnos. Um detalhe sobre o Pokemon é que a passagem de tempo no jogo é atrelada à passagem de tempo no mundo real, forçando o jogador a ter várias sessões de jogo em horários diferentes se quiser coletar todos os monstros possíveis.
No simulador de fazenda Harverst Moon, além da passagem do dia, também há a passagem das estações, o que implica diretamente no tipo de vegetais que você pode plantar. Outros jogos também utilizam ações que dependem da passagem de tempo no mundo real, como o Zombie Tsunami, onde existem missões as quais exigem que o jogador inicie uma sessão de jogo em um horário específico do dia. Jogos que utilizam os períodos do dia ou estações do ano apenas como uma ambientação para os seus cenários não utilizam o tempo como mecânica, mas apenas de forma temática.
Um outro uso importante do tempo envolve mecânicas relacionadas à manipulação do tempo no jogo. Em Max Payne, o jogador pode reduzir a velocidade em que o jogo ocorre utilizando a mecânica de Bullet Time, esta deixa o jogo lento e melhora a chance do jogador desviar de projéteis e mirar nos oponentes. Quem não gosta do Efeito Matrix no jogo, não é verdade? Ainda mais interessante é a aplicação de manipulação de tempo encontrada em Prince of Persia e Braid: nesses jogos a manipulação do tempo foi implementada como uma mecânica a qual permite que o jogador refaça ações erradas quase que instantaneamente, não forçando a repetição de grandes porções do jogo para tentar novamente. No caso de Braid, essa manipulação do tempo ocorre tanto para trás (rewind) como para frente (fast-foward), e é essencial para a resolução da maior parte dos desafios e puzzles apresentados pelo jogo. Além, é claro, de reforçar o tema central do jogo, que é uma reflexão sobre segundas chances!
E vamos parando por aqui! Ainda faltam mais tipos de mecânicas para discutirmos, mas essas ficarão para a próxima aula. Até lá!
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