Teatro

Na linguagem teatral, desde as origens clássicas às experimentações mais vanguardistas, a base estrutural narrativa tem mantido um princípio normalmente regular, por meio do qual encontram-se as figuras do protagonista, que conduz a poética narrativa e as normas estabelecidas por Aristóteles.

Margot Berthold (2011), em seu apanhado histórico sobre o fenômeno teatral ao redor do mundo no caminho que vai do bardo homérico à tragédia, observou que essa trajetória se iniciou a partir das festividades ligadas à fertilidade, à colheita e ao Sagrado, donde surgiram os primeiros grupos de Ditirambos, cortejos religiosos com sátiros e bacantes. Aron, de Lesbos, que viveu por volta de 600 a.C. na corte do tirano Peniando, de Corinto, aproveitou o apoio e a amizade do governante para orientar à via poética, os cultos locais à vegetação, afirma o texto de Berthold. Mas foi com a chegada de Téspis, ator de Icária, em 534 a.C., que o evento ganhou a expressão como hoje conhecemos:

Bacantes, na mitologia grega, eram as mulheres adoradoras de Dionísio.

Téspis teve uma nova e criativa ideia que faria história. Ele se colocou à parte do coro como solista e assim criou o papel de hypokites (“respondedor” e, mais tarde, ator) [...] Nenhum dos presentes na Dionisíaca de 534 a.C. poderia sonhar com o alcance das implicações que esse acréscimo inovador de diálogo ao rito traria para a história da civilização. (BERTHOLD, 2011, p. 104-105)

Embora não pareça claro à primeira vista, essa criação trouxe desdobramentos aos tempos atuais, se considerarmos que a ideia de um mediador (ator, narrador, diretor, roteirista, etc.) entre nós e o universo ficcional sempre esteve presente.

Hoje, os ambientes digitais dos games apenas atualizam essa relação imersiva por meio de um protagonista digital, que pode ser um avatar, um personagem ou nossa própria conduta interativa no jogo.

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