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Se você parar para pensar, vai ver que esse problema dos identificadores que colocamos nas coisas se esgotarem é comum nas nossas vidas. Como dois grandes exemplos, podemos citar as placas dos automóveis e os números de telefone. Houve uma época em que as placas dos automóveis eram formadas por duas letras e quatro números. Com o passar do tempo, elas foram trocadas para modelos com 3 letras e 4 números, para poder aumentar o número de valores disponíveis. A Figura 1 mostra uma placa que usava o modelo antigo (esquerda), e uma placa no modelo atual (direita).
Os números de telefone já passaram pela situação de ter que aumentar o número de dígitos e, provavelmente, vão passar por isso ainda outras vezes (a Anatel estuda a possibilidade dos celulares passarem a ter 9 dígitos a partir de 2015). Houve uma época em que os números de telefones locais (sem o código de DDD ou DDI) tinham 7 dígitos, mas depois eles tiveram que passar a ter 8 dígitos (como é atualmente) para suportarem o aumento no número de aparelhos telefônicos existentes.
Esses dois exemplos mostram que quando os identificadores que utilizamos se esgotam, a solução trivial é aumentar o tamanho do identificador, de modo que ele suporte mais valores.
Como o endereço IP nada mais é que um identificador, por que simplesmente não aumentaram o tamanho do endereço IP? Na verdade, aumentaram! O problema é que mudar o tamanho do endereço IP altera o formato dos pacotes IP, e isso gera uma incompatibilidade com as implementações existentes deste protocolo, as quais usam 4 bytes. Portanto, foi criada uma nova versão do protocolo IP, chamada de IPv6 (a versão normalmente utilizada é a IPv4). Os endereços IPv6 possuem 128 bits de tamanho, suportando desse modo 2128 possíveis endereços, que é um número incomparavelmente maior que os 232 endereços disponíveis no IPv4.
Além da questão do aumento no tamanho do endereço o protocolo IPv6 acrescenta várias novas funcionalidades ao IPv4, principalmente no que diz respeito à segurança e qualidade de serviço (QoS).
Embora o IPv6 já esteja “pronto”, sua implantação na internet tem sido lenta porque não dá simplesmente para obrigar todo mundo a trocar da noite para o dia a versão do protocolo IP que possui instalada nos seus equipamentos por essa nova versão. Sem contar que isso requer que muitas aplicações sejam reescritas para usarem esse novo protocolo. Além disso, a integração entre equipamentos que usam versões diferentes não é automática. Ou seja, se um equipamento está utilizando apenas o IPv4 e outro apenas o IPv6, eles não se comunicam. Apesar disso, soluções para permitir a instalação gradativa do IPv6 nos equipamentos da internet, de modo que coexistam equipamentos IPv4 e IPv6, têm sido desenvolvidas e, em algum momento, todos os equipamentos vão usar a versão mais nova do protocolo.
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