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Quando falamos sobre desenvolver jogos, o que vem na sua cabeça? Talvez a parte de programação, talvez a parte de criar os modelos 3D para o jogo. Pense bem, pois esses não são os únicos campos de atuação no desenvolvimento de jogos!
Trataremos das profissões diretamente envolvidas no desenvolvimento de jogos, então vamos falar de pessoas que trabalham principalmente em publishers e empresas de desenvolvimento. Nessas empresas existem profissionais envolvidos em duas grandes áreas de atuação: uma parte mais técnica, que desenvolve os aspectos de software e da implementação do jogo em si, e uma parte mais criativa, que desenvolve os aspectos de apresentação e das ideias de como o jogo será.
Na equipe técnica, estamos falando dos programadores. Sim, os caras que viram noites a base de café e pizza para fazer o jogo funcionar, mesmo quando acontecem todos os tipos de bugs possíveis. Dentro da computação, jogos são considerados aplicações complexas e um dos poucos tipos de programas que forçam os seus desenvolvedores a terem um conhecimento amplo de diversas áreas da computação, como Algoritmos, Computação Gráfica, Inteligência Artificial, Redes de computadores, Sistemas Operacionais.
Por tratar de tantas áreas específicas, é necessário que a equipe conte com programadores dedicados para as diversas áreas. Existem programadores que são responsáveis pelo desenvolvimento dos motores de jogos, ferramentas que fornecem a base para o desenvolvimento do jogo e abstraem (fazem por você, sem que você tenha que entender 100% o que está acontecendo) muitas tarefas importantes na hora de se construir um jogo, principalmente no aspecto gráfico.
Outros programadores podem desenvolver ferramentas para dar suporte à equipe de desenvolvimento, principalmente para os usuários menos técnicos, como os artistas. Essas ferramentas são feitas para permitir que esses profissionais possam testar os seus produtos (modelos 3D, imagens, esboços de fases) sem a necessidade de um conhecimento avançado de computação para modificar o jogo. Existem ainda programadores que são focados apenas na construção e na lógica que faz o jogo funcionar, implementando todos os componentes e sistemas necessários para tornar o jogo operacional, como a inteligência artificial dos personagens, os sistemas de pontuação e itens, as missões, etc.
No entanto, a equipe técnica não pode começar a trabalhar do nada! Antes, ela precisa saber qual é a ideia do jogo, qual tipo de elemento o jogo terá, quais ferramentas serão necessárias, etc. Logo, é necessário que já exista não apenas uma ideia, mas um esboço do que se pretende fazer com o jogo. E esse trabalho é iniciado pela equipe criativa, principalmente pelos designers. Os designers são responsáveis por pensar nas ideias e estruturar os elementos do jogo para que ele se torne uma experiência divertida: qual tipo de jogo será feito, qual a temática, qual a história, qual o objetivo principal do jogo, quais personagens habitarão o mundo, o que os jogadores poderão fazer no jogo, como a dificuldade crescerá ao longo da partida, como o jogador aprenderá a agir dentro do jogo, como será o mundo e as fases que o jogador deverá percorrer para vencer e muito mais! Perceba que o trabalho do designer é definir quais elementos constituirão o jogo e como este será desenvolvido, de acordo com o que está sendo proposto.
Uma importante diferença existente entre a equipe de design e o restante da equipe artística é que o designer deve pensar o jogo de um ponto de vista funcional: ele pode até ter talento para expressão artística, mas o foco dele é saber se os elementos funcionam dentro do jogo, como eles estarão relacionados e, mais importante, se eles ajudam a tornar a experiência do jogo mais divertida!
Os designers tratam das ideias, os programadores implementam as funcionalidades e os artistas dão um formato a essas ideias. O trabalho da equipe artística é de tornar a visão do jogo em algo real, tanto nos aspectos visuais como sonoros, que podem ser na parte do ambiente, dos personagens, dos objetos e até mesmo dos efeitos visuais, pois o objetivo é tornar o mundo virtual do jogo vivo e imersivo, de modo que o jogador seja “puxado” para dentro dele. Talvez essa seja uma das equipes com o maior número de especialidades, e mais dependente do tipo de jogo a ser feito.
No lado visual, temos artistas conceituais que trabalham com os esboços em desenhos e maquetes para validar as ideias de identidade visual do jogo; artistas que trabalham em imagens 2D, tanto na criação de recursos como no mapeamento de texturas; outros artistas são responsáveis pela elaboração da interface, de forma que os menus e informações do jogo estejam de acordo com a temática escolhida; temos modeladores 3D, que criam objetos a partir de malhas de polígonos; artistas responsáveis pela construção do ambiente e mundo onde o jogo se passará; animadores que dão vida aos objetos criados, fazendo com que eles se movimentem de forma realista (ou não, dependendo do objetivo do jogo). São muitas especialidades que se complementam para tornar real a visão desejada para o mundo do jogo.
Do lado sonoro, também temos uma gama completa e diversa de profissionais, que vão desde os músicos, responsáveis por compor toda a trilha sonora do jogo, sendo esta um dos elementos que favorece a imersão do jogador, principalmente nos momentos de aventura no mundo virtual (duvida? Tente jogar um jogo sem som e note a diferença); os engenheiros de sons, responsáveis pelos efeitos sonoros do jogo, que ampliam ainda mais o senso de imersão e de naturalidade do ambiente; até os dubladores, que dão personalidade e nuances diferenciadas aos personagens, ajudando a cativar o jogador e fazendo com que ele realmente se importe com a trama e com o destino que sua representação virtual poderá ter ao longo da partida.
Um papel que tem crescido em importância é o dos escritores. Eles desenvolvem os roteiros do jogo, as falas dos personagens, a descrição dos itens e objetos do jogo e até mesmo os textos existentes nos menus de informações. Inicialmente, esse trabalho era feito pelos próprios designers da equipe, porém com a narrativa se tornando uma parte cada vez mais essencial nos jogos, torna-se crítica a contratação de bons profissionais para cuidar da parte escrita, seja ela criativa ou técnica. Um dos maiores desafios para os escritores é construir uma narrativa flexível e não-linear, pois, ao contrário de livros e filmes, a história de um jogo depende de como o jogador progredirá e de quais escolhas ele fará, logo o roteiro não pode ser algo fixo, mas adaptável o suficiente para abordar todas as situações possíveis e imagináveis dentro do universo do jogo.
Perceberam quantas pessoas podem estar envolvidas na hora de construir um jogo? Já pensou o trabalho que dá manter todo mundo trabalhando adequadamente? Pois é, esse é o ofício do produtor. O produtor não se envolve com a parte técnica de fazer o jogo, mas ele deve manter todas as condições possíveis para que as equipes consigam fazer os seus trabalhos. É praticamente a “mãe” do projeto, em função de suas diversas atribuições, já que esse profissional precisa: garantir que as equipes tenham condições de trabalho adequadas; definir e coordenar cronograma e orçamento do projeto; estabelecer os contatos necessários para viabilizar o lançamento e a produção do jogo e garantir que todos se empenhem para atingir a visão estabelecida no início do projeto. Muito trabalho? Não se preocupe, ele é bem recompensado!
Outro papel importante é o de profissionais envolvidos com a garantia da qualidade do jogo. Aqui estamos falando principalmente dos testadores, que podem atuar tanto em nível mais técnico (testando as ferramentas desenvolvidas ou aplicando metodologias de testes automatizados), até testadores do jogo que verificam se existem erros, se o jogo está com um bom nível de dificuldade e, principalmente, se o jogo está divertido. Para muitos, essa é uma porta de entrada para a indústria de jogos, embora eu aposto que muitos gostariam de ter esse emprego para sempre. Passar o dia jogando e ganhar por isso? Com certeza!
Outros empregos estão associados com o desenvolvimento do jogo, mas não trabalham diretamente na produção do jogo. Estamos nos referindo aos profissionais de marketing, responsáveis pela divulgação do jogo para a comunidade e organização de eventos; e equipe jurídica, que trata de todos os aspectos de contratos entre empresas e funcionários ou com equipes terceirizadas, para prover serviços que o próprio estúdio de desenvolvimento não possui.
Já pensou qual carreira você gostaria de seguir? Ao longo do curso vamos introduzir conhecimentos de várias delas, para que você possa tomar uma decisão com mais segurança. Não precisa se apressar!
Bom, agora que já vimos os papéis que empresas e profissionais desempenham na indústria de jogos, está na hora de conhecermos como todos eles trabalham juntos para fazer um jogo!
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