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arrow_back Aula 02 - Rascunho, Esboço e Teoria das Cores

1 – Rascunho e Esboço

O processo de criação de uma arte deve ser separado em partes menores para que aconteça um fluxo de trabalho. Ao desenvolver uma ideia, é comum fazer alguns rascunhos que, no caso dos games, podem servir para explicar os conceitos de um gameplay ou a aparência de um personagem. Os rascunhos se diferenciam dos esboços por serem apenas desenhos rápidos e despretensiosos quanto a detalhes ou acabamento, enquanto os esboços são traços ou formas iniciais que se comunicam com o que o artista deseja expressar. Essas formas “preparam o terreno” para uma finalização bela e detalhada. No esboço é definido ângulo, enquadramento, planos, anatomia, proporção, entre outros detalhes que terão um melhor acabamento logo em seguida.

Um exemplo do processo de criação, do rascunho ao trabalho final.

Cada artista possui seu próprio fluxo de trabalho, por meio do qual são testados alguns métodos para saber com qual deles tem mais afinidade.

Abaixo seguem algumas maneiras de se fazer um esboço:

Linhas: O interessante da utilização das linhas para se definir um esboço é o fato de que elas devem respeitar a perspectiva do personagem para com a linha do horizonte. Normalmente se faz um bonequinho de palitos e, depois, traços vão definindo as articulações e a anatomia dele. Tipos de Esboço 1.
Blocos: Um esboço feito com blocos é mais “limpo” e, por isso, evidencia melhor a anatomia. Os blocos que compõem os esboços de personagens feitos com essa técnica devem simular a perspectiva das partes entre as articulações e preparar o personagem para mais detalhamento isolado. Tipos de Esboço 2.
Silhueta: O método da silhueta não se preocupa muito com os detalhes de anatomia e perspectiva, mas com a forma do personagem, com o que o seu design tem a dizer sobre ele. Alguns profissionais já iniciam com a silhueta para checar o impacto visual de modo geral do personagem, outros a usam somente depois de definir um esboço prévio com linhas ou blocos. Tipos de Esboço 3.

É um fato comprovado que o nosso cérebro costuma ficar mais confortável com formas mais estáveis e redondas do que com formas pontudas e ângulos bruscos. Talvez porque essas formas lembrem dentes, facas e coisas que furam. Vai ver é um instinto evolutivo do ser humano, quem sabe! O fato é que personagens que são desenhados em cima de formas mais suavizadas e arredondadas tendem a ser vistos como mais amigáveis e menos perigosos do que personagens que têm formas mais irregulares, com partes pontudas em sua silhueta. Quer ver alguns exemplos?

Figura 05 - Exemplos de contornos de personagens. Em (a) temos o Kirby, redondinho e fofinho, apenas simpatia para as pessoas. Em (b) temo o Bowser... não tão simpático assim
(a) (b)
Fonte: a) Disponível em: <https://microsite.nintendo-europe.com/nintendokidsclub/assets/img/content/read_and_discover/kirby/artwork-kirby_intro.png>. Acesso em: 08 abr. 2018.
b) Disponível em: <https://vignette.wikia.nocookie.net/nintendo/images/7/71/Bowser.png/revision/latest?cb=20130309232419&path-prefix=pt-br>. Acesso em: 08 abr. 2018.

Claro que isso não é uma regra de ouro. Você tem personagens com formas pontudas e que são bonzinhos, como o Sonic. Mas você não gostaria de dar um abraço por trás nele, lhe garanto… Além disso, vimos na disciplina de personagens e narrativas que linhas de traço quadrado podem ser usadas para determinar austeridade, assim como formas triangulares podem ser usadas para dar uma ideia de hierarquia, misticismo ou transcendência. Então, o formato vai criar uma primeira impressão em quem vê a imagem, e deve-se pensar um pouquinho sobre isso quando se estiver criando um conceito de personagem do zero.

Como dito anteriormente, cada artista possui uma forma própria de trabalhar, escolhendo a técnica com a qual mais se identifica para realizar cada etapa de sua arte. Apesar do processo como um todo ter divisões bem similares, a confecção de uma arte conceitual carrega uma identidade própria do artista, assim como os traços do seu estilo. Com isso, muitos esboços podem misturar algumas das técnicas mostradas aqui, ou até mesmo criar técnicas singulares de esboçar, porém, de um modo geral, as definições contidas nos três exemplos citados são mantidas.

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