Definição de Personagem

Vimos que é o personagem quem conduz a trama narrativa de um game, e ele está presente em processos como avatar, Inteligência Artificial (para o caso de acompanhantes digitais, os companions, ou vilões da saga) e também no protagonismo de um jogo de estratégia, aventura gráfica ou casual, a exemplo de Warcraft, Myst ou Candy Crush.

Na construção de um personagem, seja o protagonista da ação ou secundário na trama, há que se atentar para uma série de elementos que compõem e definem a criação, seja no campo conceitual, estético, comportamental ou psicológico. Todos esses aspectos veremos ao longo desta aula.

Conceito

O termo “personagem” é derivado do latim persona, que significa máscara, estando diretamente ligado às origens do teatro greco-romano, no qual os artistas usavam máscaras simbolizando determinadas figuras e deuses. Em termos linguísticos, a derivação per sonare, que sugere a ideia de “falar através de” (nesse caso, da máscara) propõe o significado de fingir ser outra pessoa. Essa ideia se aplica com perfeição aos games, pois a nossa relação com os personagens é tão intrínseca que, não raro, nos referimos às ações realizadas no ambiente digital como “eu fiz, eu conquistei”.

Da mesma forma, é necessário entender nesse panorama a importância do conceito de arquétipos, como elaborado a partir do pensamento do estudioso Carl Jung.

Arquétipo

A palavra arquétipo, derivada também do grego arkhetypos, pode ser decupada em dois termos distintos, sendo arkhe definido como “primeiro, primitivo, original” e typo como “modelo, padrão, inato”. O resultado pode ser interpretado como “modelo original”, coisa ou pessoa que reúne em si as características que distinguem uma classe, raça ou família. Desse princípio também derivam termos usuais como Protótipo e Estereótipo.

O arquétipo funcionaria como um centro de referência à nossa vida emotiva, um exemplar aos seres criados. Para Jung, os arquétipos eram constituídos por “conteúdos do inconsciente coletivo”. “Enquanto o inconsciente pessoal consiste em sua maior parte de complexos, o conteúdo do inconsciente coletivo é constituído essencialmente de arquétipos.” (JUNG, p. 53)

A união dessas ideias, portanto, leva-nos à criação do “Personagem Arquetípico”, figura que se tornaria lendária em histórias como Hércules, Ulisses (Odisseu) e, recentemente, o Príncipe Valente, Super-Homem, Link (de Zelda), Lara Croft e Solid Snake, como o herói ou heroína mítico que protagoniza a ação (e, não raro, a Jornada do Herói, como veremos), vencendo os desafios que conduzem à vitória.

A Mitologia está cheia de exemplos de personagens que venceram seus algozes e viveram batalhas épicas, como Zeus, Poseidon e Hades, que venceram seu pai Cronos, o devorador, Jasão, Teseu e Aquiles. Se analisarmos a mitologia grego-romana e a produção cultural de entretenimento da atualidade, encontraremos muitas similaridades, como:

  • Lorde Voldemort
  • Imperador Palpatine
  • Galactus
  • Borgs
  • Espada Justiceira (Thunder Cats)
  • Sabre de luz
  • Poseidon com tridente
  • Zeus com raio
  • Urano
  • Cronos

Um exercício de pesquisa mitológica e reflexão mostraria outra infinidade de semelhanças, o que evidencia como nosso imaginário está recheado de arquétipos no inconsciente coletivo da atualidade.

O que você acha de ler alguma história da mitologia grega e tentar comparar suas personagens arquetípicas com personagens de games e filmes? Vamos tentar?

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