Personagem como elemento da estrutura narrativa

O modelo mais comum de narrativas, desde os gregos, é baseado em personagens. São eles que conduzem a história ou é a seu respeito que o conto narra um fato. A experiência resultante de qualquer vivência narrativa é o conhecimento de uma situação, verdadeira ou fictícia, e seus protagonistas. O pensamento do romancista Henry James (1843-1916), que abre a nossa aula, demonstra como a composição de um personagem, isto é, seus pensamentos, sentimentos, intenções, atitudes e percepções sensoriais são estruturas decisivas para o acontecimento, ou, como afirma o escritor, “incidente”. Para Henry James, esses incidentes, ou a condução narrativa de uma situação, são a ilustração dos personagens, ou seja, um retrato da importância dessa figura na construção de uma ficção. Essas ideias não estão longe das definições de Aristóteles, que via na mimésis do personagem uma imitação do real, ou seja, uma representação. Na tragédia aristotélica, o personagem (ethos) deve viver as provações do herói para provocar identificação (kátharsis) e compaixão no público.

Veremos que, independentemente do veículo ou mídia, qualquer estrutura narrativa apresenta um ou mais personagens e, mesmo no caso de estruturas não diegéticas como os games de simulação (a exemplo de River Raid, Dinner Dash ou Guitar Hero), também estará presente um protagonismo, nesse caso, do próprio jogador, que será o responsável pela condução da jornada.

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