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A certeza de que a EaD inicia-se a partir da educação por correspondência nos traz a necessidade de pensar sobre esse tipo de educação para entendermos as primeiras concepções de EaD. É isso o que faremos a seguir.
A EaD por correspondência vivenciou uma severa dificuldade na promoção de troca de falas entre os participantes. Em vista disso, foi natural que aquela forma de EaD tivesse se focado mais na leitura de materiais enviados por correspondência do que na interação entre os participantes. Nesse paradigma, temos as primeiras definições de Educação a Distância que, não à toa, representavam as limitações da época. O conceito de Dohem, publicado em 1967, ilustra bem essa noção, quando o estudioso define que “Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de autoestudo, onde o aluno se instrui a partir do material que lhe é apresentado [...]” (Apud LANDIM, p. 24). Apesar de focar o autoestudo, é preciso esclarecer que o autor também trata do acompanhamento docente a partir de meios de comunicação. Afinal, na década de 1960 já havia iniciado-se o uso de meios eletrônicos - como rádio e TV - na EaD. Você consegue imaginar qual o papel desses meios na Educação a Distância? Vamos descobrir a resposta para essa pergunta a partir da reflexão iniciada a seguir.
Então, ainda falando sobre correspondências: você já escreveu uma carta para alguém?
Em pleno século XXI, não será surpresa responder que não. Porém, provavelmente você, pelo menos, já recebeu uma carta, não? Mesmo que a resposta ainda seja negativa, posso supor que você sabe o quanto uma carta pode demorar para chegar ao seu destino, certo? Portanto, considerando esse seu conhecimento, você percebe claramente o quão mais rápida uma mensagem pode ser transmitida caso, ao invés de uma carta, utilize um meio eletrônico, como o rádio ou a TV. Agora, imagine o quanto o uso desses meios modificou a noção de EaD! A partir do uso desses aparelhos eletrônicos, a transmissão de informações, que, antes, poderia levar dias, até meses, passou a ser realizada instantaneamente.
Nesse período, a EaD nacional demonstrou estar na vanguarda tecnológica quando, já em 1923, inaugurou uma das primeiras iniciativas de uso educacional do rádio: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, cujo objetivo principal era viabilizar uma educação popular por meio da radiodifusão (ALVES, 2009, p. 9).O uso da TV na EaD, por sua vez, iniciou-se no país na década de 50. Nesse período, ” a Universidade de Santa Maria (RS) foi a pioneira, em 1958, com programas destinados aos alunos da Faculdade de Medicina” (NISKIER, 1999, p. 162).
Essas modificações tecnológicas causaram uma mudança na noção de EaD, tornando-a um pouco mais centralizada na interação. A repercussão dessa atualização do entendimento da EaD é perceptível na definição de Moore, que, em 1972, defende que “o ensino a distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira que a comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante textos impressos, por meio eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas” (Apud LANDIM, 1997, p. 25). Percebe o maior foco dado à comunicação entre professores e alunos?
Pois é, a mudança que vimos na noção de EaD demonstra que o rádio e a TV propiciaram uma grande evolução nessa modalidade, provendo ganhos de velocidade e expressão pela veloz transmissão eletrônica e o uso de som e imagem em movimento, quesitos, estes, ausentes nos cursos por correspondência. Porém, você consegue pensar em alguma desvantagem de utilizar-se o rádio ou TV em EaD ao invés da correspondência? Há algo que é muito fácil de se fazer por carta e bem mais complicado de ser realizado por meio de rádio e TV? Certamente há. Estou me referindo à realização de respostas aos conteúdos recebidos, ou seja, ao exercício do diálogo entre os participantes.
Embora a comunicação entre os participantes tenha conseguido maior destaque nas definições de EaD a partir dos meios eletrônicos, observamos que essas tecnologias ainda apresentavam severas limitações no suporte tecnológico à comunicação entre professores e estudantes. Afinal, ao contrário do que ocorre com o computador, não é possível responder a um conteúdo que recebemos pelo rádio ou televisão usando esses próprios meios, certo? . Por isso apesar de rápidos, os meios eletrônicos carecem da possibilidade de resposta pelos usuários. Não à toa, autores estudiosos referem-se a esses meios como “monologais” (ANDRADE, 2013, p. 3), ou seja, mais aptos a monólogos do que a diálogos.
Nesse cenário, porém, continuou prevalecendo a vocação da EaD de constituir-se em uma modalidade que busca superar as distâncias físicas para promover a educação, mesmo diante das limitações das tecnologias que utilizava. Em vista disso, o uso do rádio e da TV na história da EaD foi marcado pela realização de recepção organizada. Nesse modelo, os alunos reuniam-se para assistir conteúdos educacionais televisivos ou ouvir materiais de rádio educativo sob a coordenação de um orientador de aprendizagem. Este educador organizava as salas e promovia a interação com os alunos para a realização das atividades previstas para cada programa.
Caso deseje conhecer melhor o funcionamento da recepção organizada na EaD brasileira, você pode adquirir muito conhecimento sobre o tema a partir da leitura do livro “Escolas Radiofônicas de Natal”. A obra trata da importante iniciativa citada em seu título, realizada na capital de nosso próprio estado, a partir do final da década de 1950. A escolha de membros da própria comunidade dos estudantes para auxiliar a recepção conjunta dos programas, bem como a produção dos conteúdos radiofônicos na própria cidade levaram à elaboração de um projeto que se destacou dos demais, entrando para a história e sendo, até hoje, referência para o pensamento da EaD brasileira. Você pode obter mais informações sobre o livro acessando o site http://www.liberlivro.com.br/produto/escolas-radiofonicas-de-natal-uma-historia-construida-por-muitos-1958-1966/.
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