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Sem dúvida, na sociedade capitalista em que vivemos, muitas dessas mudanças são argumentadas e justificadas em razão do desenvolvimento tecnológico e econômico. Entretanto, não podemos banalizar ou ignorar os problemas que a área de TI traz a reboque dessas benesses. É preciso analisarmos, inclusive, para propor soluções ou alternativas. A questão é que, ao mesmo tempo em que essas tecnologias favorecem nossa vida, elas podem causar prejuízos em diversos âmbitos, como social, econômico e, principalmente, ambiental e na saúde, citando apenas alguns problemas para os quais devemos estar atentos quanto aos impactos negativos da TI.
Você já ouviu falar sobre nomofobia?! Se não, responda: como você se sentiria caso esquecesse o seu celular e passasse um dia inteiro ou pelo menos um turno sem contato com as redes sociais? Se a sua resposta foi algo do tipo: "Ai, não sei o que seria de mim", "Seria tenso"... Sinto dizer: embora não conheça, você tem grandes chances de ser acometido pela nomofobia!
Esse é o termo pelo qual especialistas em saúde estão chamando a síndrome que gera desconforto ou angústia devido à falta de comunicação e interação por smartphones. A nomofobia é considerada uma patologia oriunda da disseminação da TI em nossas vidas. Para algumas pessoas, ficar instantes sem checar o celular é motivo para angústia e pânico. Quem nunca se flagrou pegando o smartphone para conferir se havia chegado uma mensagem nova em uma rede social ou em um mensageiro de comunicação sem nem mesmo o aparelho ter emitido qualquer alerta?! O infográfico abaixo mostra alguns "sintomas" e informações sobre essa doença hodierna.
Um efeito de cunho social da nomofobia é que, em razão dessa quase dependência de celular e redes sociais, muitas pessoas optam mais pela socialização virtual do que pela presencial. É comum vermos grupos de amigos em uma roda, calados, mas com sorrisos nos rostos, interagindo por meio de smartphone, inclusive, com pessoas presentes na roda! Talvez seja muito incisivo dizer que tal comportamento é errado ou dizer algo do tipo: "Ah, no meu tempo era melhor!". Quem nunca ouviu isso envie o primeiro spam! É claro que temos de ter o cuidado para que esses "novos" comportamentos e formas de interação social não sejam prejudiciais. Entretanto, dizer que é pior ou melhor pode parecer um tanto quanto tendencioso, pois isso é relativo. Afinal, estamos passando por um processo de transição e mudança de relações sociais devido à disseminação e popularização das TDIC, em especial dos dispositivos para acesso à internet, a redes sociais e a videogames. Assim, parece-me que é melhor dizer que é diferente e procurar ser comedido no uso dos dispositivos, além de apreciar também os momentos face a face. Não dá pra ficar dependente das interações exclusivas por esses meios. O que acha?
Portanto, é fundamental ter moderação e controle do tempo dedicado ao uso e à exposição aos recursos da TI. Afinal, além da nomofobia, o desenvolvimento de LER (Lesão por Esforço Repetitivo), problemas de visão e sedentarismo estão, cada vez mais, associados ao uso intenso e contínuo dos equipamentos tecnológicos em atividades de entretenimento e, inclusive, laborais. Nesse caso, como fica um profissional de TI?
Para um profissional de algumas áreas de TI, é bem difícil ficar muito tempo afastado do computador durante a realização das atividades, não é mesmo? Sabendo disso, veja, no site abaixo, algumas dicas de exercícios para evitar o desenvolvimento de LER.
Outro aspecto a ser ponderado sobre a TI é a obsolescência programada. Para mim, inclusive, trata-se de uma questão ética e, por isso, a coloco como ponto negativo. Mas, e você, sabe o que isso quer dizer? O que pensa a respeito? Mesmo que não conheça, saiba é provável que já tenha vivido e sido "vítima". Quem nunca comprou um computador de boa configuração e, após pouco tempo, percebeu que a máquina ficou lenta e sentiu a necessidade de trocá-la ou fazer um upgrade? Algumas pessoas tomam essa atitude apenas para poder continuar fazendo as mesmas atividades que faziam antes! Saiba que, muitas vezes, essa obsolescência do equipamento é intenção dos desenvolvedores tanto de hardware quanto de software. Veja a situação a seguir:
Pois é. Empresas praticam a obsolescência programada deliberadamente e, muitas vezes, nem nos damos conta. Algumas guardam uma atualização já desenvolvida para outra versão a fim de garantir a procura. Praticamente nos criam novas demandas sem, muitas vezes, termos a real necessidade. Algumas corporações argumentam que tal prática faz a economia girar e a tecnologia avançar cada vez mais. Por outro lado, aquelas pessoas que não se podem dar ao luxo de trocar de equipamentos ou mesmo não têm condições financeiras ficarão limitadas do uso de algumas funções ou até mesmo excluídas - a tal da exclusão digital.
A esse respeito, vale mencionar a proposta da Filosofia do Software Livre e a iniciativa Open Source que contribuem para serem alternativas, dentre outros aspectos, às práticas de obsolescência programada de algumas empresas desenvolvedoras de softwares, as quais quase possuem monopólio desse mercado. Sistemas baseados na filosofia citada prezam pela garantia de acesso às TIs e pela liberdade de escolha do usuário por determinada solução computacional em detrimento, muitas vezes, do aspecto financeiro. É em razão disso que muitos softwares livres são disponibilizados gratuitamente, como é o caso de várias distribuições de sistemas operacionais baseadas em GNU/Linux, como o Ubuntu e o Android, do navegador de internet Mozilla Firefox e da suíte de escritório LibreOffice.org. Tais iniciativas têm contribuído para a inclusão digital de muitas pessoas e comunidades e fomentam a economia e o desenvolvimento tecnológico à revelia da especulação econômica.
Nesse sentido, a Filosofia do Software Livre serviu de base para outras iniciativas além de programas de computador, como a iniciativa Open Hardware, como o Arduino e o BeagleBoard, voltados a tecnologias tangíveis, e como os Recursos Educacionais Abertos (REA), voltados para bens intangíveis, a exemplo de imagens, vídeos e aplicações com foco no desenvolvimento da Educação e da Cultura. Lembra do cordel do início desta aula? Então, podemos dizer que ele é um REA e só pôde ser utilizado neste material didático pois a licença Creative Commons nos garantiu essa liberdade.
Além da exclusão, a obsolescência programada tem relação com outro grave problema da área de TI, nesse caso, de ordem ambiental, que é o lixo eletrônico (conhecido também pelo termo em inglês: e-waste) ou resíduo de equipamentos eletrônicos (REE)! Afinal, para onde você acha que vão todos os dispositivos e materiais "ultrapassados" e descartados? Lembre-se: não existe o "jogar fora". Tudo fica em nosso planeta e vira sucata eletrônica!
Lamentavelmente, ainda reaproveitamos muito pouco desses resíduos oriundos de dispositivos computacionais e eletrônicos. O Brasil é o país latino-americano que mais produz e-waste e, assim como no mundo todo, esse número cresce a cada ano! Monitores, placas de circuitos, aparelhos de celular, baterias, impressoras, fios, etc., diariamente, geram toneladas de lixo eletrônico. O maior problema é que os compostos desses itens são, em geral, nocivos ao meio ambiente, como é o caso de metais pesados, a exemplo do chumbo, que podem contaminar lençóis freáticos.
Soluções para reutilização de periféricos computacionais descartados são desenvolvidas, inclusive, para garantir inclusão digital a pessoas que não têm amplo acesso à tecnologia. A partir do conserto e da junção de componentes de diferentes equipamentos, um outro equipamento é produzido. Sendo assim, outras alternativas produzem diferentes objetos, para distintas finalidades e usos, a partir das carcaças dos equipamentos descartados. Com isso, obras de artes, lixeiras, jarros de plantas, enfeites para ambientes, entre outros, são criados. Infelizmente, ambas as ações — de reutilização e de reaproveitamento — são isoladas e, ainda que fossem ampliadas, não dariam conta de reaproveitar tudo o que é descartado diariamente. Por isso, é necessário pensar em políticas públicas e projetos que regularizem a coleta desses REEs e os destinem para o descarte correto e adequado ao meio ambiente.
Veja a reportagem abaixo de uma iniciativa de um profissional de TI, bastante interessante, realizada em Fortaleza, capital do nosso estado vizinho, Ceará.
Acredito que o que conversamos até aqui fez você refletir sobre os impactos da TI em nossa sociedade. Essas e outras questões devem ser bem pensadas por um(a) profissional de TI que pretende atuar de forma crítica, criativa e ética. Afinal, precisamos de um mundo mais sustentável, onde o desenvolvimento tecnológico traga e garanta mais bem-estar e qualidade de vida para todos. No tópico seguinte, conversaremos sobre os impactos da TI no mercado de trabalho. Mas, primeiro, que tal socializar as ideias trazidas até aqui com os colegas?
Então, que outros impactos negativos você percebe que a TI nos trouxe? Qual dos apontados aqui você considera o mais preocupante? Mas também não adianta só reclamar e não propormos alternativas, concorda? Portanto, vamos ao fórum discutir com os colegas soluções e implicações para os problemas apontados. Quem sabe não sai uma boa ideia para um projeto, hein? Ah, vale discordar dos pontos que eu coloquei. Entretanto, é importante argumentar seu ponto de vista, ok?
Você já assistiu ao filme WALL·E (Pixar Animation Studios, 2008)? A animação conta a história do protagonista, um robô, criado no ano de 2100 para limpar a Terra, coletando e processando todo o lixo que tomou conta do planeta. O enredo do filme acontece em um cenário quase pós-apocalíptico em que todos os insumos naturais foram consumidos devido, justamente, ao desenvolvimento tecnológico desenfreado que, inclusive, deixou os humanos totalmente dependentes das máquinas para tudo. Se eu contar mais, vou dar spoiler… Portanto, quando possível, vai lá, assista e pense a respeito do que conversamos aqui.
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