Conceitos básicos de confiabilidade
Imagine que você é um empresário no ramo têxtil e necessita adquirir uma máquina de tear. O vendedor João diz que seu produto tem muito boa confiabilidade e o vendedor Pedro anuncia que sua máquina é de excelente confiabilidade. Qual dos dois você compraria? Bom, é claro que termos como “muito boa” ou “excelente” são muito vagos. Assim, surgiram os conceitos básicos de confiabilidade que qualificam e, principalmente, quantificam esses adjetivos, ou seja, transformam a definição de confiabilidade em números. Por exemplo, se a confiabilidade de um computador de um Centro de Operações do Sistema (COS) for de 99,95% (para um período de 1 ano), isso significa que a probabilidade de o computador funcionar sem defeito durante um ano é de 99,95%.
Veja, a seguir, alguns conceitos importantes.
- Tempo médio entre falhas (TMF ou MTBF): tempo médio de trabalho de certo tipo de equipamento (reparável) entre 2 falhas seguidas.
- Duração de vida: tempo durante o qual um componente ou um sistema mantém a sua capacidade de trabalho, fora do intervalo dos reparos, acima de um limite especificado (de rendimento, de pressão etc.).
- Tempo médio para a falha (MTFF): valor médio dos tempos de funcionamento, sem contar o tempo de manutenção.
MTBF = MTFF + Tempo de Reparo
- Confiabilidade medida (ou estimada): confiabilidade de certo equipamento medida através de ensaios empíricos (normalmente no fabricante).
- Confiabilidade prevista (ou calculada): confiabilidade observada durante a operação real dos componentes e dos sistemas. É esse valor da confiabilidade média de grande número de casos que permite a aferição das confiabilidades medida e prevista.
- Eficácia de um componente ou sistema: capacidade de desempenho da função pretendida, incluindo a frequência de falhas, o grau de dificuldades da manutenção e reparação e a adequação ao trabalho projetado.
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Dependabilidade: medida da condição de funcionamento de um item em um ou mais pontos durante a missão, incluindo os efeitos da confiabilidade, mantenabilidade e capacidade de sobrevivência, dadas as condições da seção no início da missão, podendo ser expressa como probabilidade de um item:
- entrar ou ocupar qualquer um dos seus modos operacionais solicitados durante uma missão especificada, ou
- desempenhar as funções associadas com aqueles modos operacionais.
- Disponibilidade: medida do grau em que um item estará em estado operável e confiável no início da missão, quando a missão for exigida aleatoriamente no tempo.
- Envelhecimento acelerado: tratamento prévio de um conjunto de equipamentos ou componentes com a finalidade de estabilizar suas características e identificar falhas iniciais.
- Mantenabilidade: facilidade de um item em ser mantido ou recolocado no estado no qual pode executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições determinadas e mediante os procedimentos e meios prescritos.
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Tipos de falhas: entende-se por falhas a diminuição parcial ou total da eficácia, ou capacidade de desempenho, de um componente ou sistema. De acordo com o nível de diminuição da capacidade, pode se classificar as falhas em:
- Falhas totais.
- Falhas parciais.
Por exemplo, um rolamento de esferas defeituoso pode ainda operar durante algum tempo, apesar de ruidoso e com sobreaquecimento (falha parcial), ao passo que a capacidade de desempenho de uma lâmpada fundida é nula, sem qualquer meio termo. Conforme o modo como a falha evolui no tempo, desde o seu início, podemos considerar duas possibilidades de falhas:
- Falhas catastróficas.
- Falhas graduais.
Como falha catastrófica, cita-se um curto-circuito numa linha de transporte de energia elétrica ou um bloco motor de explosão quebrado. A alteração gradual da emissão catódica de um monitor de computador ou o desgaste na camisa de um cilindro de um motor diesel constituem casos de falhas graduais (ou paramétricas).
Em alguns domínios da indústria e dos serviços, podem ocorrer, quanto à duração da falha:
- Falhas temporárias (curto-circuito, linha distribuição, devido ao toque de um galho de árvore);
- Falhas intermitentes (mau contato do plugue de um equipamento na tomada);
- Falhas permanentes (lâmpada fundida).
As falhas de vários componentes podem, ou não, estar ligadas causalmente entre si. Se uma falha em um elemento induz falhas em outros, diz-se que a falha é do tipo dependente. Por exemplo, um sensor de temperatura do motor de um automóvel danificado pode levar ao mal funcionamento do sistema de refrigeração (sistema de resfriamento do motor) e consequentemente danificar o motor.
Se não houver inter-relação entre falhas, elas são do tipo independente.