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Agora que já ampliamos nosso entendimento sobre o conceito de tecnologia e vimos que ela não se restringe a equipamentos tecnológicos e muito menos precisa ser palpável para ser real, discutiremos a respeito da relação do termo com a área de TI.
Para começar, reflita um pouco sobre essas questões: O que é real? Como você define o "real"? Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro (MATRIX, 1999).
Esse "toque" do Morpheus relaciona-se perfeitamente com a discussão acerca do virtual e do real. Aliás, o termo "virtual" diz respeito àquilo que tem potencialidade de ser. Acontece que no meio digital, por meio do qual vivemos o virtual (lembra da aula passada sobre EaD?), esse termo soa cada vez mais como efetivamente real, não é? Porém, vamos pensá-lo em relação ao seu caráter digital mesmo, ok?
Nesse sentido, o pesquisador Nicholas Negroponte (1995), do Massachusetts Institute Technology (MIT), destacou que vivemos numa sociedade em que bens de produção, de consumo e culturais são compostos por átomos e, mais recentemente, também por bits. A Era dos átomos e dos bits! Você consegue imaginar o que ele quis dizer com essa afirmação? Uma dica: isso tem a ver com as tecnologias materiais e imateriais… O que esses adjetivos da palavra "tecnologias" significam?
Provavelmente você já deve ter ouvido alguém diferenciar, de uma forma, digamos, jocosa, hardware e software. Refiro-me a afirmações deste tipo: "Quando você tem um problema no computador ou smartphone, o hardware (a parte material, física, tangível) é o que você bate, enquanto o software (a parte imaterial, lógica, intangível) é o que você xinga…". Pois é, isso tem tudo a ver com a ideia de átomos e bits da qual estamos conversando.
Vamos lá! Se você já estudou conceitos básicos de Química ou mesmo de Física, deve ter aprendido que o átomo é a unidade básica da matéria física e por muito tempo foi considerado a menor parte dela, tanto que o termo significa "aquilo que não pode mais ser dividido". Apesar de se conhecer as partículas subatômicas, ainda hoje o átomo é considerado, pelo menos do ponto de vista didático e filosófico, como a menor parte da matéria.
Um conjunto de átomos, a partir de seu número atômico, compõe um elemento químico que, ao se unir com outro(s) elemento(s), forma uma molécula, a qual se junta a outra(s) e compõe tudo à nossa volta, inclusive você e eu, o ar que respiramos, o dispositivo pelo qual você está lendo esta aula, etc. Portanto, toda tecnologia material é baseada em átomos.
Você sabe por que a região dos EUA, localizada no estado da Califórnia, o qual abriga grandes empresas de TI, como Apple©, Google© e Intel©, é conhecida por Vale do Silício (Silicon Valley)?
Esse nome é uma referência (e, de certa forma, uma homenagem) ao elemento químico Silício (Si - número atômico 14). Esse elemento, que é um dos mais abundantes na Terra, está presente na areia e é o principal componente para a produção de vidro, placas de circuitos eletrônicos e chips existentes em dispositivos computacionais, fundamentais para as atividades das empresas de TI.
Por sua vez, o bit, abreviação para binary digit, em português "dígito binário", por assumir apenas dois valores 0 ou 1, é a menor unidade de dados em meio digital. Lembra do efeito matrix no início desta aula? Então, ali é uma simulação, cinematográfica, criada para representar o código binário (apesar da licença artística, foram utilizados mais de dois caracteres).
Um conjunto de oito bits compõe um byte, e daí vem aquelas unidades de medidas em informática com as quais você certamente está mais familiarizado(a), como kilobytes (kB), megabytes (mB), gigabytes (gB), terabytes (tB) e por aí vai. Portanto, os bits dizem respeito ao que compõe todo o conteúdo acessado pelos meios computacionais. Eles são a unidade básica de toda tecnologia imaterial da área de TI.
Por não terem insumos físicos em sua produção e serem acessíveis em meio digital, diversos bens de consumo, produção e culturais (tecnologias) passaram a ser acessíveis por dispositivos computacionais. Tal característica deu outro significado à disseminação e ao compartilhamento de informação em quantidades cada vez maiores e mais rápidas. Afinal, uma cópia digital não degenera o bem original, ao passo que para reproduzir um bem físico são necessárias as matérias-primas física e de trabalho que o compõem e o tornam real, no sentido palpável.
Em razão dessa característica, as tecnologias materiais, baseadas em átomos, são consideradas bens rivais, enquanto as imateriais, produzidas com bits, são não rivais. Mas calma. A rivalidade a que me refiro não se trata de uma rixa ou disputa entre essas tecnologias, mas da característica de multiplicar o bem, sem deteriorar ou perder o "original". Explico. Um bem rival, para ser multiplicado, demanda uma nova produção, com outros recursos e insumos para desenvolvê-lo, ao passo que um bem não rival pode ser simplesmente copiado. Ainda não está claro? Então imagine a seguinte situação:
Se alguém lhe der uma colher real, uma tecnologia material, essa pessoa ficaria sem o utensílio, enquanto você poderia usá-lo e fazer o que quisesse (inclusive entortar). Entretanto, se essa colher estivesse em meio digital, tanto você quanto aquele que lhe ofertou passariam a possuir o utensílio, igual, com as mesmas características. Nesse caso, "não existe colher" (MATRIX, 1999), somente a representação ou objetivação dela em meio digital.
Perceba que as tecnologias a serem utilizadas e desenvolvidas por você na área de TI poderão ter matérias-primas tangíveis, intangíveis ou ambas. Isso tem implicação direta não só no trabalho que você desempenhará, mas também no custo para produção da solução desenvolvida ou do serviço prestado. Por isso que nessa área, fonte de muitos negócios e geração de capital, a valorização do trabalho do(a) profissional de TI é alta, uma vez que a força de trabalho é o principal insumo para a produção de seus bens que são, em grande parte, não rivais.
A esse respeito, Pretto e Bonilla (2012) pontuam que:
[...] como bem não rival, ele pode ser reproduzido e copiado infinitamente, sem que gere custos extras de produção, o que é diferente do processo de reprodução de um bem material, que denominamos de bem rival, para o qual cada nova cópia implica custos extras de matéria-prima, tempo e trabalho de produção.
(PRETTO; BONILLA, 2012, p. 59, grifo nosso).
Posso apostar que você já se valeu das vantagens da não rivalidade para compartilhar com outras pessoas diversas mídias e bens digitais. Áudio, fotos, vídeos… Quantas e quais dessas tecnologias imateriais você já recebeu e distribuiu só nesta semana pelo aplicativo de conversas instantâneas para smartphone?! Quase incontáveis, né? Agora imagina como era difícil compartilhar esses itens no tempo em que os áudios dependiam de fitas cassete, as fotos de filme e de revelação em papel especial, os vídeos de uma fita VHS… Isso sem falar dos equipamentos necessários para registro e produção! É, meu caro, isso tudo tem a ver com as TI, sejam elas tangíveis ou não!
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