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A frase “Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”, é creditada ao cientista (físico, matemático, químico etc.) Sir. Isaac Newton, que viveu entre os séculos XVII e XVIII. Você consegue entender o que ele quis dizer com isso? Uma pista: tem muito a ver com o tema desta seção!
Se ainda não entendeu a charada, lembre-se que ao longo da nossa história aprendemos e evoluímos com o auxílio de nossos pares. Muitos saberes foram passados, construídos e reconstruídos a cada geração e com a ajuda e o apoio de diferentes tecnologias. O que sabemos hoje e talvez consideremos elementar, em dado período de tempo passado foi um avanço, uma grande descoberta. Assim a humanidade avança: pessoas colaborando entre si na busca de conhecimentos e gerações compartilhando descobertas!
Perceba que os termos colaborar e compartilhar estão intrinsecamente relacionados. Enquanto o primeiro quer dizer trabalhar junto, o segundo significa dividir com alguém. Ambos têm relações próximas com outro conceito – a solidariedade. E o que isso tem a ver com TI? Em breve você perceberá!
Você deve lembrar do que conversamos no início desta disciplina: uma das principais tecnologias para a evolução da espécie humana é a linguagem. Ainda hoje compartilhamos descobertas e invenções – em diferentes linguagens – que nos proporcionam melhor qualidade de vida e aumentam nossa produtividade. A diferença para a atualidade é a evolução e as possibilidades das tecnologias de mediação. Então, já consegue imaginar de quais tecnologias estou falando, não é?
Com a popularização da internet e a constituição do Ciberespaço, a perspectiva da aprendizagem colaborativa com suporte computacional (STAHL; KOSCHMANN; SUTHERS, 2006) ganha grande destaque. As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) podem nos servir como fontes de informação, seja pela consulta a sites ou interação com outras pessoas mais experientes em determinados assuntos. Como você estudou, a Web 2.0 favorece bastante o desenvolvimento de atividades voltadas para a construção de conceitos, a resolução de problemas e a socialização dos resultados de maneira conjunta. Com isso, ambientes de aprendizagem significativos para a constituição de práticas colaborativas têm sido disseminados, permitindo a publicação em diversas mídias – texto, imagem, áudio, vídeo – e ampliando as possibilidades de representação, compartilhamento e produção colaborativa de conhecimento.
No atual contexto sociotecnológico, algumas habilidades e competências são esperadas dos indivíduos do século 21. Hoje, mais do que saber as respostas dos problemas, é importante formular perguntas e propor formas de solução, de maneira crítica e criativa, em colaboração com outras pessoas. As TDIC, cada vez mais acessíveis, conforme apresentado em outras aulas, oportunizam e ampliam as formas de: i) acesso à informação, o que requer criticidade para avaliá-las e considerar sua veracidade e pertinência na resolução de problemas; ii) interação e troca de ideias com diferentes pessoas, nos mais diversos lugares, pelo maior número de ferramentas e serviços de comunicação on-line; iii) representação da informação, em razão do aspecto multimidiático; e iv) inovação, a partir da infinidade de serviços e soluções que a internet pode oferecer, por exemplo.
Nesse sentido, a National Education Association (NEA) dos EUA destaca quatro habilidades requeridas aos estudantes deste milênio, as quais chamou de “Quatro Cs” (NEA, 2014), quais sejam: pensamento crítico (critical thinking), comunicação (communication), colaboração (collaboration) e criatividade (creativity). Essas quatro habilidades precisam ser desenvolvidas desde as primeiras séries escolares à formação acadêmica dos estudantes, a partir de vivências com práticas que as desencadeiam.
Apesar de todos os 4Cs estarem intimamente relacionados, a Colaboração é uma habilidade central para prática profissional no mundo contemporâneo e o favorecimento da atuação profissional requeridas em um contexto cada vez mais globalizado e tecnológico.
Ao usar fóruns, material didático digital, diferentes mídias digitais, propor reflexões, atividades práticas, entre outros recursos, você concorda que o seu curso também está baseado no desenvolvimento dos 4Cs, em especial, no conceito da colaboração?
Portanto, colaborar é uma habilidade fundamental em diversas áreas, e em TI não poderia ser diferente. Apesar de ser muito comum na atual fase da web, principalmente na área de TI, podemos citar exemplos históricos de desenvolvimento colaborativo e compartilhamento do que é produzido. Um caso emblemático é o kernel do sistema operacional GNU/Linux e todas as suas distribuições e derivações.
O que pode ser chamado de o primeiro software livre ou open source (em português: fonte aberta), teve seu início nos anos 1980, a partir de uma iniciativa de Richard Stallman, quando surgiu e passou a crescer a ideia de software proprietário. Stallman, preocupado que aquele movimento repercutisse no sentido de restringir e limitar o acesso das pessoas aos sistemas computacionais, desenvolveu um sistema operacional livre, baseado em um projeto bastante popular na época – o Unix. Mas, como não se tratava do mesmo sistema, Stallman o denominou de Projeto GNU, acrônimo para GNU is Not Unix (GNU não é Unix), disponibilizando-o na internet e por uma lista de e-mails para que outras pessoas pudessem colaborar nele (SILVEIRA, 2004).
O resultado disso é que, em 1991, um jovem estudante finlandês, Linus Torvalds, compartilhou um kernel bem avançado conforme a proposta idealizada por Stallman. Assim surgiu o denominado Linux (Linus + Unix), um sistema operacional totalmente aberto, em que qualquer pessoa pode acessar seu código-fonte, estudar, propor melhorias e realizar adaptações. Portanto, o Linux não existiria sem o GNU, e não temos como ter certeza se o Projeto GNU chegaria tão longe sem a contribuição do Linux. Por isso: GNU/Linux.
Se considerarmos apenas as distribuições diferentes de GNU/Linux, como são chamados os sistemas operacionais criados e adaptados a partir do kernel, podemos perceber a grandeza que se tornou o projeto de Stalmann. São milhares de projetos espalhados pelo mundo. Ubuntu, Debian e Linux Educacional são alguns dos exemplos. A proposta do Software Livre oportuniza às pessoas a liberdade de escolha do sistema que melhor lhe convém ou mesmo adaptações para atender às suas necessidades.
Figura 3 - Sistemas Operacionais (Distribuições) derivados do GNU/LinuxVocê sabia que os laboratórios do IMD dispõem de softwares livres? Um dos sistemas operacionais disponibilizado para acesso é o Ubuntu. Aliás, você sabia que essa é uma palavra africana que significa sou o que sou pelo o que nós somos? A escolha desse termo para o nome desse software livre traduz bem os conceitos de solidariedade, compartilhamento e colaboração que foram mencionados no início desta aula. Concorda?
Assista a esse vídeo em que Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, fala de Ubuntu e prega valores essenciais de intensa solidariedade e bondade.
Mas aí você pode achar que esse movimento não resultou em muita coisa, afinal, “poucos usam GNU/Linux”. Calma! Se não fosse essa iniciativa, muitas pessoas não teriam acesso a computadores e demais dispositivos computacionais, como é o caso dos smartphones e tablets, pois, como você estudou em aulas anteriores, o sistema operacional Android também segue a filosofia do Software Livre e é baseado no kernel GNU/Linux. Para não mencionar apenas os sistemas operacionais, também são exemplos de softwares livres:
Figura 04 - Softwares livresVocê já conhecia e/ou teve acesso a alguns desses softwares? Saiba que muitas instituições públicas e privadas adotam essas soluções por questão de segurança e economia, em razão da não cobrança por licenças de uso.
A respeito dessas vantagens, muita gente usa software de código fonte aberto e nem sabe o que há por trás como propósito principal: oferecer liberdade ao usuário, permitir a produção colaborativa e compartilhar conhecimento. Apesar de os softwares livres serem gratuitos a maior parte das vezes, essa não é uma característica essencial. Para que um programa de computador seja considerado aberto, ele deve atender, minimamente, a quatro “liberdades” propostas no Projeto GNU, quais sejam:
0 | Executar: você pode usar o software para qualquer finalidade e da forma como e quando desejar. |
1 | Estudar: você pode se apropriar do funcionamento do programa e, inclusive, se for o caso, adaptá-lo às suas necessidades. Para tanto, o acesso ao código-fonte é um pré-requisito. |
2 | Redistribuir: você é livre para fazer cópias e distribuir para quem quiser e precisa ser ajudado. |
3 | Aperfeiçoar: você pode melhorar o software e compartilhar suas melhorias, a fim de beneficiar toda a comunidade. Assim como a “liberdade 1”, o acesso ao código-fonte é necessário. |
Essas liberdades foram definidas na Licença Geral do GNU (General Public License – GPL). Entretanto, outros projetos de software estão sendo desenvolvidos e, embora não adotem a GPL, baseiam-se nas mesmas liberdades. O movimento, inclusive, desembocou em outras mídias digitais, como é o caso da iniciativa Creative Commons, que pode ser usada para licenciar de forma livre e aberta textos, imagens, áudios, vídeos digitais e a Open Hardware. Esta adota os princípios do software livre para recursos tangíveis, como as placas de circuitos. O Arduíno e o Beagleboard são exemplos de hardware livre bastante utilizados para o ensino e a aprendizagem na área de TI. É provável que você utilize algum deles ao longo deste curso.
Figura 5 - Licenças e Open HardwarePortanto, perceba quanta coisa você pode produzir a partir da colaboração. A ideia é compartilhar conhecimento para conhecer mais! Isso faz parte da chamada Cultura Hacker (PRETTO; BONILLA, 2012). Lembrando que hacker não é o criminoso das redes cibernéticas. Esse é o cracker, aquele que quebra códigos e invade sistemas para benefício próprio. A comunidade hacker é composta por pessoas aficionadas por códigos que gostam de produzir e compartilhar para que outras pessoas tenham acesso.
É isto que será tratado nesta aula: explorar as ferramentas e serviços disponíveis para compartilhar, trocar ideias e aprender com outras pessoas. Quem sabe se esse curso pode originar novos personagens como Richard Stallman e Linus Torvalds?
Quer saber mais sobre a história do Software Livre? Assista ao vídeo a seguir:
Agora que conheceu um pouco do conceito de colaboração e como ele foi e é explorado na área de TI, você estudará os serviços disponíveis para auxiliar na troca de informações com outras pessoas. Nas seções seguintes, você conhecerá exemplos e os modos de iniciar os primeiros passos em ferramentas de comunicação como: serviços para webconferência e redes sociais para a TI.
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