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arrow_back Aula 08 - Controle de nível

Estratégias de Controle de Nível

Nesta seção, apresentaremos as estratégias de controle de nível que são o controle em cascata e o controle override. Essas estratégias são utilizadas como alternativas ao tradicional controle por realimentação, no entanto, não substituem o controlador por realimentação convencional, mas são alterações ou adições que possibilitam melhorar o desempenho do sistema de controle.

Controle em Cascata

É um método simples, envolvendo dois controladores por realimentação em cascata. O controle em cascata é definido como a configuração onde o sinal de saída de um controlador é o set point gerado para o outro controlador.

A estratégia de controle em cascata é mostrada na Figura 5.

Estratégia de controle em cascata.

A estratégia de controle em cascata consiste em utilizar um controlador PID (chamado na Figura 5 de PID mestre) para gerar o set point para outra malha de controle (PID escravo). Assim, o PID escravo em uma malha de nível corresponde ao controlador para uma válvula de controle que manipula a vazão de saída (malha de vazão - malha secundária) e o PID mestre corresponde ao respectivo controlador de nível do processo (malha de nível - malha principal). Dessa forma, caso haja perturbações que interfiram na saída (PV1) da malha escrava, as mesmas são corrigidas antes de interferir no processo externo (saída $PV_2$).

Um dos benefícios do controle em cascata é o fato da malha secundária acelerar a resposta do processo visto pela malha principal. Assim, só há vantagem nessa estratégia se a constante de tempo da malha escrava for menor (uma malha mais rápida) do que a da malha mestre. Um dos critérios da malha escrava é que consiga eliminar rapidamente os efeitos das perturbações, por isso a exigência de ter dinâmica mais rápida, pois tendo uma dinâmica consideravelmente lenta em comparação com a do processo externo, a variável controlada sofre mais os efeitos de uma perturbação.

Em um controle convencional de nível, teríamos apenas um controlador (LC) para todo o sistema, conforme a Figura 6.

Controle de nível convencional.

Na Figura 6, o controlador (LC) compara o valor desejado (SP) para o nível com o valor real que é transmitido pelo transmissor (LT), então será gerado um sinal pelo controlador (se houver diferença entre o valor desejado e o valor real) que é enviado para a válvula de controle, assim, haverá uma manipulação da vazão de saída com o objetivo de manter o nível no valor estabelecido. Uma desvantagem desse tipo de controle convencional, em que o controlador LC atua diretamente na abertura da válvula para ajustar o nível, é que pode existir uma não linearidade entre a abertura da válvula (definida pelo controlador LC) e a vazão do processo em função da característica instalada da válvula.

Considere agora, mostrada na Figura 7, a alternativa (controle em cascata) do controle de nível convencional da Figura 6.

Controle de nível com malha em cascata.

No sistema da Figura 7, temos agora uma malha interna de controle de vazão (o controlador escravo é o FC) e uma malha externa de controle de nível (o controlador mestre é o LC). Como se deseja que a vazão de saída responda de forma suave na presença de perturbações, utiliza-se o controle em cascata em que a malha de nível gera os set points para a malha de vazão.

Quando ocorre um aumento na vazão de entrada, o nível aumentará e o controlador de nível aumentará o sinal do set point ($SP_2$) para o controlador da vazão de saída, fazendo com que a mesma aumente, retornando o nível do tanque ao valor do set point ($SP_1$) ajustado para o mesmo.

No caso da ocorrência de uma perturbação, como uma mudança na pressão na linha de descarga, o controlador de vazão (FC) ajustará a válvula de saída antes que o nível do tanque seja significativamente alterado (no caso do controle convencional o nível seria modificado pela influência da perturbação).

Resumindo: O controle cascata permite um controlador primário regular e um secundário, melhorando a velocidade de resposta e reduzindo os distúrbios causados pela malha secundária.

Agora, já podemos facilmente perceber a existência do controle em cascata na aula de Controle de Vazão, na qual temos um posicionador que funciona como o controlador escravo da malha de controle de posição da haste da válvula (malha escrava) e um controlador PI atuando na malha de vazão (malha mestre). Se preferir volte para a aula de Controle de Vazão e analise com maior cuidado a estrutura da malha de controle nos resultados experimentais. Não esqueça que o posicionador (controlador da malha escrava) consegue compensar algumas das não linearidades que podem existir na válvula de controle.

Campos e Teixeira (2010) apresentam regras para a sintonia de controles em cascata, que são as seguintes:

  • Sintonizar a malha escrava primeiro e só depois, com ela em automático, sintonizar a malha mestre. Se a malha escrava for um controlador de vazão, deve-se usar preferencialmente um PI.
  • Sintonizar as malhas escravas com parâmetros que as tornem rápidas, mas sempre procurando o menor sobrevalor (overshoot) possível.

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